quarta-feira, 21 de abril de 2010

Preparação durante e após a gravidez



Disponível: http://saude.sapo.pt/artigos/mulher/ver.html?id=1057012

A gravidez é um momento único na vida de um casal. Para que seja ainda mais positiva fala-se cada vez mais da importância da preparação pré e pós-parto.
Catarina Alves, enfermeira do Centro Pré e Pós Parto, fala-nos dos aspectos que devem ser abordados nesta fase.


Qual é a importância da preparação pré e pós-parto para a mãe?
A gravidez é um período de excelência para investir na preparação do casal para o parto e para a maternidade (e) paternidade que se avizinham. Casais informados são casais mais seguros e confiantes e que certamente vão vivenciar estes momentos mais intensamente e de um modo mais satisfatório. Os medos e as dúvidas são mais que muitos, daí que promover espaços de partilha com outros casais e, sobretudo, com profissionais qualificados é investir no futuro da família, facilitando a autonomia e promovendo vivências mais enriquecedoras.

E para o bebé?
Obviamente que o bebé é a principal razão para todo este investimento. As linhas orientadoras fornecidas aos pais vão permitir que se sintam mais seguros ao cuidar dos seus filhos, adaptando o que aprenderam ao seu próprio bebé, o que potencia experiências mais enriquecedoras de que todos, inclusivamente (especialmente!) o bebé, beneficiam.

A preparação pós-parto não é muito falada. Em que é que consiste?
Mesmo ainda na preparação para o nascimento a temática do pós-parto é abordada: não só as questões relacionadas com as mudanças físicas, em que a matéria do exercício é quase sempre tema de eleição, mas também todas as implicações psicológicas e sociais importantíssimas que se avizinharão (ex: relacionamento conjugal, gestão familiar, etc.). Depois, no pós-parto, as aulas de recuperação são o investimento principal, mas não se pode desperdiçar a oportunidade para explorar outras questões como a amamentação e o fortalecimento do períneo, por exemplo. Os bebés acompanham sempre as mães. Nesta fase inicial não se pode dissociar este par e, por vezes, as aulas têm mesmo a participação dos bebés.

Qual é o papel do pai tanto no pré como no pós-parto?
O pai tem um papel fundamental em todo o percurso. Envolver o pai desde cedo é ter a equipa completa, por isso, sempre que possível, não abdicamos da sua presença. Num contexto que é muitas vezes encarado como sendo apenas da mulher e em que o pai é colocado à margem, envolvê-lo, fornecendo-lhe informação prática e integrando-o na prestação dos cuidados durante a gravidez, no parto e, depois, ao recém-nascido acaba por ultrapassar esse preconceito e por criar a oportunidade de vivenciarem toda a experiência enquanto família. Para a mãe, o trabalho em parceria com o pai desde o início proporciona um sentimento de apoio e de segurança e a expectativa de colaboração e partilha no futuro. Mais do que apenas a mãe e o bebé, teremos uma família. Por isso, ter o casal envolvido em todos os momentos é, também, ter a certeza de que irão vivenciar esses momentos de forma mais informada, segura e intensa.

O bebé também tem acompanhamento pós-parto? Que tipo de acompanhamento?
O acompanhamento no pós-parto será aquele de que os pais sentirem necessidade. Mas, mais uma vez, não podemos dizer que acompanhamos especificamente o bebé, mas sim a família. Disponibilizamos principalmente o apoio à amamentação, mas também um espaço para esclarecimento de dúvidas, com o objectivo de tornar os pais mais seguros e autónomos, agora que passaram da teoria à prática. Por vezes trata-se apenas de validar o que os pais aprenderam e que já estão (tão bem!) a fazer.

Há alguma história que a tenha marcado de forma particular neste tempo em que tem trabalhado na área do pré pós-parto?
Foram muitos os casais com quem tive o privilégio de contactar e há aspectos transversais a todos eles que me têm marcado positivamente. Marca-me sobretudo a evolução que observo na percepção que os casais vão tendo desta fase das suas vidas: da insegurança inicial pelo desafio que se avizinha, aos primeiros passos autónomos enquanto pais. A satisfação da mulher (casal) com a gravidez, com o parto e, depois, a vivência confiante enquanto família são as melhores recompensas para o meu trabalho.

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