sexta-feira, 13 de setembro de 2013

5 mitos sobre a criação de filhos que ninguém tinha coragem de te contar

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Açúcar, televisão, sujeira. Tudo isso faz mal, certo? Nem sempre. Como a ciência e a medicina estão em constante evolução, boa parte do que se acreditava ser saudável ontem pode fazer mal amanhã. E vice-versa. Na criação de filhos é a mesma coisa: muito do que o senso comum indica que os pais devam proibir ou evitar na verdade podem ser itens muito saudáveis para o desenvolvimento das crianças. Antes de tomar alguma recomendação como verdade absoluta, é bom lembrar que em outros tempos a palmatória era um objeto comum para educar estudantes nas escolas e que, no início do século passado, pastilhas de cocaína eram usadas para tratar a dor de dente em crianças pequenas - duas coisas inimagináveis hoje. Que tal agora conhecer um outro lado dos vilões atuais? Então deixe antigos conceitos de lado e vire a página.

Mito 1 - açúcar deixa as crianças agitadas 
Pirulitos, balinhas, sorvete: além de engordar e causar cáries, essas bombas de açúcar dão tanta energia que funcionam como drogas estimulantes, capazes de fazer as crianças rodopiarem pela sala a noite inteira. Ok, as duas primeiras afirmações são verdadeiras, mas a última é puro mito. O grande vilão da alimentação infantil pode não ser uma maravilha da alimentação, mas também não é um estimulante. "O chocolate, por conter cafeína, pode de fato deixar as crianças mais agitadas. Mas o açúcar sozinho, não", diz Isa Jorge, nutricionista e professora da USP.

Como algumas crianças já são agitadas por natureza, ganhar um doce pode ser um motivo a mais de felicidade que vai deixá-las acesas por mais tempo - daí uma razão para que os pais tenham a impressão de que ela está mais ativa.

"Pelo contrário, por ser um sabor conhecido das crianças, o açúcar pode trazer conforto e ter efeito calmante", diz a nutricionista. Não é à toa que se oferece um copo de água com açúcar para alguém que acabou de tomar um susto. Em uma pesquisa do centro de estudos sobre paladar Monell, na Filadélfia, de 198 crianças, metade foi capaz de suportar dor por mais tempo depois de tomar água com açúcar. Além de ser o primeiro sabor reconhecido pelas crianças pequenas, o vilão também pode funcionar como um analgésico.

Mito 2 - Sujeira ajuda a criar anticorpos Como já diriam as propagandas de sabão em pó, para que as crianças cresçam saudáveis, faz bem uma boa dose de vitamina "S" (de sujeira), certo? Por isso, virou moda entre os pais moderninhos deixar o filho se esbaldar na lama.

Os argumentos em prol dessa atitude vêm da Teoria da Higiene, proposta pelo médico inglês David Strachan no fim dos anos 80. Ele concluiu que crianças nascidas em famílias com muitos irmãos, expostas a mais agentes infecciosos, teriam menos alergias, pois colocam seu sistema imunológico para trabalhar. Ou seja: o aumento dos casos de doenças como asma, bronquite e rinite seria causado pelo excesso de limpeza e pelo pouco contato com outras pessoas contaminadas. A partir dela, surgiram vários experimentos e análises - que comparavam desde a incidência de asma nas Alemanhas Ocidental e Oriental (a primeira, mais rica, tinha mais) até o aumento de diabetes em ratos de laboratório que cresceram em um ambiente limpinho. Acontece que, apesar de todos os testes e subteorias que ela gerou, a Teoria da Higiene nunca foi comprovada e aceita oficialmente.

"Sujeira faz mal, sim. Principalmente até os dois anos de idade, quando toda criança ainda é imunologicamente deficiente", afirma o pediatra Sérgio Eiji Furuta, da Unifesp. Vale lembrar também que muitos dos defensores da Teoria da Higiene vivem em países desenvolvidos, onde muitas doenças já foram erradicadas. "Deixar no Brasil que seu filho coma areia do parquinho é colocá-lo em risco de pegar toxoplasmose e outras doenças tropicais", diz Furuta.

Nos primeiros seis meses de vida, o organismo do bebê ainda é tão frágil que uma simples gripe pode matar. O ideal nessa fase é seguir aquelas velhas regras: mantê-lo longe de qualquer local contaminado e pedir para que todas as visitas que chegam da rua lavem as mãos antes de pegá-lo no colo. Com o tempo, o bebê vai aumentando sua capacidade de produzir anticorpos, e os cuidados podem diminuir.

Mas calma, não há motivo para paranoia. Pode deixar a criança comer a bolacha que caiu no chão rapidinho. É tudo uma questão de bom senso - ou de que chão estamos falando. "Se for em um hospital, no meio da rua ou parquinho, de jeito nenhum. Já no chão de casa, que está sempre limpo, tudo bem", afirma o pediatra.

Mito 3 - Mamadeira é sempre pior do que leite materno 
Em qualquer caixa de leite em pó, está a advertência do Ministério da Saúde: "O aleitamento materno evita infecções e alergias e é recomendado até os dois anos ou mais". Desde 2001, a Organização Mundial da Saúde recomenda que até os seis meses de idade a criança não tome ou coma nada, a não ser leite materno. Seria isso mais uma mentira que os médicos contam às mães?

Não. Não há dúvidas de que o leite produzido pela própria mãe é o melhor para mamíferos de qualquer espécie - inclusive humanos. Transmite anticorpos da mãe e é mais fácil de ser digerido e ter suas vitaminas aproveitadas pelo corpo do bebê.

O problema é que nem toda mulher pode ou gosta de amamentar. Mesmo as que podem às vezes não devem, como no caso das que precisam tomar remédios como antidepressivos, já que os princípios ativos podem passar pelo leite. Também acontece com frequência de o bebê se recusar a mamar no peito da mãe.

Em casos assim, ninguém precisa ficar paranoico com a saúde futura do bebê. "Hoje temos fórmulas de leite de vaca em pó que imitam muito bem a composição do leite materno. São alimentos saudáveis e confiáveis", afirma o pediatra Sérgio Eiji Furuta, da Unifesp. O maior problema é em relação ao tipo de proteína do leite da vaca, principalmente nos três primeiros meses de vida, que é mais difícil de ser processado e pode aumentar as chances de alergias. Outra perda é em relação aos anticorpos que o bebê só recebe pelo leite da mãe. Mas isso não significa que os bebês adeptos da mamadeira vão necessariamente ficar mais doentes. "Faz mais diferença nessa fase colocar a criança na creche, onde ela fica exposta a um número enorme de vírus e bactérias", afirma.

Outro ponto polêmico é o tempo de amamentação exclusiva até os seis meses de idade. No ano passado, uma equipe formada por pediatras e nutricionistas da University College, de Londres, ousou contra-argumentar as recomendações da OMS. Depois de fazer uma revisão de várias pesquisas, concluíram que as crianças deveriam comer alimentos sólidos a partir dos quatro meses de idade, para evitar anemia por deficiência de ferro e um maior risco de alergias alimentares. De acordo com os pesquisadores, os conselhos da OMS servem mais para países subdesenvolvidos, com pouco saneamento básico, onde há maiores riscos de que o alimento oferecido ou a água usada para fazer uma mamadeira estejam contaminados.

Se existe uma patrulha em relação à amamentação exclusiva, também há preconceito no outro lado: gente que acha um absurdo crianças que mamam muito além dos dois anos. Pode parecer esquisito mesmo, mas os médicos garantem que não há nenhuma contraindicação. Nem mesmo psicológica. "Apenas um comportamento isolado não é o bastante para dizer que há uma dependência patológica", afirma a psiquiatra Daniela Ceron-Litvoc, pesquisadora da Unifesp. Amamentar um bebê crescidinho pode, afinal, ser também cultural. No Nepal, por exemplo, 93% das crianças ainda mamam aos dois anos de idade.


Mito 4 - Televisão afasta as crianças dos livros 
Se a sua avó ainda acredita que a televisão atrapalha o desenvolvimento das crianças, pode contar para ela que esse é mais um mito. A impressão de que elas ficariam preguiçosas e com aversão aos livros é falsa. "Não dá para dizer que a televisão faz mal por princípio", afirma a educadora Rosália Duarte, especialista em educação da PUC-Rio. "O problema é restringir o tempo da criança a uma atividade só. Brincar somente na rua ou praticar esportes o dia inteiro também não vai ser bom", diz.

Segundo a Academia Americana de Pediatria, o ideal é que as crianças passem no máximo duas horas por dia em frente a telas luminosas (computadores e celulares entram na conta). E existe uma forma correta de assistir: de preferência em família. "Pesquisas mostram que assim a experiência muda completamente. Como quando leem um livro com um adulto e comentam sobre ele", afirma Roberta Golinkoff, especialista em linguagem e educação da Universidade de Delaware, nos EUA.

E quanto às pesquisas que dizem que a TV tem impacto negativo nas notas escolares? Para provar que elas não representam a realidade, os economistas Matthew Gentzkow e Jesse Shapiro, da Universidade de Chicago, analisaram as notas de 300 mil crianças americanas que nasceram por volta de 1947, quando a televisão chegou em alguns Estados. Excluídas as diferenças sócio-econômicas, oito anos depois as notas daqueles que tinham televisão em casa não eram nada piores do que as das outras crianças. Em muitos casos, eram melhores. E olha que naquela época os programas não eram assim tão educativos.

"Quanto maior a diversidade de experiências, melhor para a educação. E a TV contribui mostrando várias atividades culturais", diz Rosália Duarte.

Mito 5 - Videogame atrapalha a concentração 
Pelo contrário. Não só os pais modernos, que também cresceram jogando, mas psicólogos e neurocientistas já sabem hoje que os jogos eletrônicos trazem uma série de benefícios para as crianças - do aumento da concentração à capacidade de tomar decisões. Se alguém aí se pergunta como enfrentar monstros ou acelerar um carro virtual pode ajudar a desenvolver habilidades intelectuais, entenda: o importante não é no que você está pensando enquanto joga, mas a forma como você está pensando. Em boa parte dos jogos, a criança é obrigada a parar para coletar evidências, analisar situações, prever o desenrolar da partida, consultar seus objetivos a longo prazo e só então decidir.

Os games podem inclusive ajudar a melhorar o foco em crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Nos Estados Unidos, a Nasa estuda alguns desses efeitos benéficos há mais de dez anos. "Livros ativam nossa imaginação e música desperta emoções, mas os jogos te forçam a decidir, escolher, priorizar", afirma o escritor Steven Johnson no livro Tudo que é Ruim é Bom pra Você (Zahar, 2012). Segundo os especialistas, o segredo para o sucesso - e para afastar o sedentarismo e a obesidade frequentemente relacionados aos videogames - é moderação. É preciso aprender a limitar o tempo de uso e garantir que a criança tenha outras atividades além dos jogos - pratique esportes, brinque ao ar livre, leia livros.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

COMO DORMIR MELHOR NA GRAVIDEZ

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Posições recomendadas às gestantes no momento de descanso e dicas de postura são verdadeiros aliados no bem-estar das mamães
Divisor de águas na vida de uma mulher, a gestação exige cuidados indispensáveis para o desenvolvimento e saúde não apenas do bebê, mas da mãe. Por esse motivo, a partir do momento no qual a gravidez é descoberta, o acompanhamento por meio do pré-natal deve ser iniciado, uma vez que pode evitar fatalidades. A partir de então, torna-se necessário que a gestante fique atenta e divida com o médico toda a rotina da gravidez. Quaisquer anormalidades, como cólicas ou sangramentos, devem ser pontuadas ao especialista. Outra questão que exige atenção é a alimentação. Indica-se que a gestante reduza o consumo de bebida que contenham cafeína, uma vez que a substância aumento o risco de baixa de peso do bebê, que evitem o uso de bebidas alcoólicas, assim como a ingestão  de carne crua ou mal cozida, bem como os cigarros.

No dia-a-dia, cuidados com a postura também podem trazer benefícios e diminuir os efeitos que o crescimento da barriga pode acarretar. É importante, por exemplo, prestar atenção em como apanhar um objeto no chão. Lembrar sempre de fazê-lo flexionando os joelhos. Nunca curvar a coluna para baixo. Ao realizar os afazeres domésticos, mantenha o abdômen sempre contraído e cuide para que seus ombro sejam mantidos para trás de forma relaxada. Assim, as costas não ficarão curvadas. Ao sentar-se, optar por manter os pés apoiados no chão, mantendo a coluna reta. Se necessário, colocar um travesseiro na região lombar.

A hora de dormir tam bém exige alguns cuidados por parte da gestante. A melhor opção para o repouso em qualquer idade gestacional, segundos os fisioterapeutas, é deitando-se para o lado esquerdo, utilizando um travesseiro para apoio cervical (altura do ombro à cabeça) e outro entre as pernas. "Com o passar da gestação e o crescimento uterino, também pode ser utilizado um travesseiro para apoiar o abdômen lateralmente".

Ao adotar a posição lateral esquerda, a circulação sanguínea da gestante se mantem normal, evitando o mal estar bastante comum no fim da gravidez. Porém, se repousar de barriga para cima ainda for agradável, deve-se elevar as pernas com a ajuda de travesseiros para melhorar a circulação e apoiar melhor a lombar no colchão. Até o quinto mês é possível que a mulher durma de bruços, a mãe não amassará o bebê, porque ele está extremamente protegido dentro do útero e não se machucará.

Com o avanço da gestação, o desconforto ocasionado pelo crescimento do bebê e, consequentemente, da barriga, as grávidas podem sentir fortes dores nas pernas e nas costas. Para amenizá-las  deve ser usados travesseiros. A dica é posicioná-los em meios às pernas ao deitar de lado, o que deixa a coluna mais reta. Também vale colocar um sob a barriga, outro para abraçar, enfim, usar quantos for necessários para uma posição alinhada e confortável. Teste diversos tamanhos e formatos, identificando o que melhor se encaixa no seu corpo.
Fonte: Bonde News

terça-feira, 3 de setembro de 2013

AUTISMO - PRIMEIROS SINAIS DO PEQUENO AUTISTA

Disponível: http://fisioterapia.com/noticias/imprimir/1185?utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=10%2F08%2F2013+-+FISIONEWS+-+Ed.+19+%7C+ago.2013

Algumas pistas podem ajudar os pais a antecipar a descoberta do problema em bebês e aumentar o progresso do tratamento
Receber o diagnóstico de autismo de um filho é como embarcar rumo a um universo desconhecido. É preciso encontrar a maneira de aterrissar nesse pequeno mundo em que a criança parece estar isolada. A doença, uma espécie de pane do desenvolvimento neurológico, costuma ser identificada pelos médicos entre 1 ano e meio e 3 anos, mas especialistas apostam que os próprios pais são capazes de detectar os primeiros sinais a partir dos 8 meses e, assim, buscar ajuda especializada quanto antes.

Pesquisadores da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, descobriram que a chave para esse flagra precoce está na comunicação não verbal. A equipe do professor de psicologia Daniel Messinger comparou crianças sem histórico familiar do problema com irmãos caçulas de autistas, que teriam um risco maior de herdá-lo. Foi observado o modo como o bebê olha para objetos, o jeito como ele pede o que deseja e como reage quando lhe apontam para alguma direção. Pequenos com falhas gestuais nos primeiros meses de vida apresentaram sinais mais evidentes de autismo após os 2 anos e meio de idade.

É possível observar outros indícios nos bebês, como explica o médico Estevão Vadasz, coordenador do Programa de Transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. "O olhar é extremamente importante para demonstrar o vínculo materno", exemplifica. "Mas, enquanto é amamentado, o autista pode não fitar a figura da mãe e ter um olhar perdido."

Outro comportamento que pode acender a luz amarela é ele aceitar o colo de qualquer pessoa. "Com 8 meses, a criança costuma estranhar quem não é do seu convívio e até chorar, mostrando que está insatisfeita. Já um autista sente-se igualmente confortável com qualquer um", lembra o psiquiatra.

O choro quase ininterrupto, uma inquietação constante ou, ao contrário, uma apatia exacerbada também merecem atenção. "Muitas vezes os médicos não observam a relação entre o bebê e as pessoas, porque focam o aspecto orgânico", aponta Cristina Keiko Inafuku de Merletti, psicóloga da ONG Lugar de Vida, especializada no acompanhamento de autistas. Ela alerta que, quando o autismo é leve, exames eletroencefalográficos, genéticos e de neuroimagem às vezes não acusam alterações significativas. Daí, mais do que nunca, conta a percepção dos pais no dia a dia.

Vale notar até mesmo se o pequeno se incomoda com o toque, com alguns sons e com certas texturas de alimentos, o que chega a dificultar demais a transição do leite para as comidas sólidas. Como o autista tem os sentidos afetados, isso também costuma ocorrer.

Em casa, nota-se a ausência de fala, uma aparente surdez e os movimentos pendulares estereotipados de tronco, mãos e cabeça. Já os especialistas analisam transtornos de linguagem, de socialização, comportamentos restritos e repetitivos. O espectro autista é diferenciado pelos graus de comprometimento dessas características (saiba detalhes abaixo). A doença atinge mais meninos - quatro para cada menina -, e metade dessas crianças tem ainda algum retardo mental.

Muitas vezes são diagnosticadas enfermidades associadas, como convulsões, e até epilepsia. Encrencas gastrointestinais são igualmente comuns. Como não mostram o que sentem, principalmente a dor, os pais devem ficar de olhos abertos. Crises de ansiedade e até a agressividade também afetam o tratamento. Nesses casos, a medicação para tranquilizar é uma grande aliada. Especialistas brasileiros e americanos já iniciaram os testes com o hormônio oxitocina, ligado à afetividade, como alternativa.

As avaliações são individuais, mas as terapias costumam ser feitas em grupos para estimular a socialização. Englobam o acompanhamento comportamental, o pedagógico e o aprimoramento da comunicação. "E, quanto mais cedo as intervenções forem iniciadas, maiores são os progressos, principalmente nas relações afetivas, nas atividades diárias e motoras", ressalta Daniel Messinger, líder do estudo americano.

Carolina Ramos Ferreira, coordenadora pedagógica da Associação de Amigos do Autista (AMA), reforça que é importante dar continuidade em casa ao trabalho realizado pelos especialistas. "É preciso incentivar, ensinar a se vestir, a escovar os dentes e a comer sozinho. O excesso de proteção pode fazer com que os pais bloqueiem ainda mais a autonomia dessas crianças e jovens", alerta.

Família preparada
Portanto, o grande desafio é orientar a família. Cristina Keiko, da ONG Lugar de Vida, acha que a mãe e o pai costumam receber a notícia de forma inadequada, quase técnica, e transformam-se em pesquisadores, deixando de perceber as nuances do desenvolvimento infantil. Aliás, muitas entidades oferecem cursos para o aprimoramento dos pais, mas esses espaços especializados são escassos para dar conta da demanda.

Com um bom acompanhamento, o autista pode ficar com menos limitações e até frequentar a escola regular com alguém servindo de apoio. Tudo vai depender do grau da deficiência. Por isso, a observação é fundamental para captar detalhes valiosos que ajudam a entrar nesse mundo tão especial.

Fugir de casa é mais um sintoma

Quase metade dos autistas americanos com menos de 4 anos já deu algumas escapadas. É o que revela um estudo do Instituto Kennedy Krieger com 1,2 mil famílias. Na maioria das vezes, o que motiva essas crianças é chegar a algum lugar específico. Os números são alarmantes, já que elevam o risco de acidentes. Pelo menos 65% dos fujões foram atropelados ou quase atropelados. Outros 24% sobreviveram a afogamentos.

Diagnóstico unificado em 2013

O manual americano psiquiátrico, usado como uma das principais referências para doenças mentais, ganhará uma quinta e polêmica revisão no ano que vem. Ele eliminará as diferenças das síndromes do espectro autista - o nome Asperger deixaria de existir, por exemplo. Especialistas temem que isso prejudique a investigação dos casos. "O risco é que os pacientes sejam classificados com uma rotulação patológica muitas vezes equivocada", alerta a psicóloga Cristina Keiko. Entenda a diferença:

Autismo clássico É uma pane neurofisiológica, que cria obstáculos para o processamento cerebral. A sociabilidade é sempre comprometida. Nos casos mais graves, a fala chega a ser afetada. Nos moderados, há uma interação com o mundo, porém mais passiva.

Asperger Menos grave, tem características semelhantes às do autismo, como o interesse restrito por objetos e problemas de socialização. Atinge sete meninos para cada menina. Mas, no caso, inteligência e memória fora do comum roubam a cena.
Fonte: Revista Abril