terça-feira, 25 de setembro de 2012

Faz - me rir

Disponível: http://br.noticias.yahoo.com/blogs/mente-aberta/faz-rir-104616175.html


Seriedade não é mau humor, nem cara amarrada. Competência não é prepotência, nem arrogância. Cada um de nós sabe muito de alguma coisa, mas não sabe tudo de todas as coisas. Somos seres incompletos, e por toda a vida aprendizes.
Uma pessoa, depois de muito pensar e labutar, talvez fique madura. Mas ela nunca estará pronta e completa. Simplesmente não existe o sabe-tudo. E menos ainda o pode-tudo. Quem deixar de ouvir vai ensurdecer na cela das vaidades.
Tão velho quanto o primeiro homo sapiens é confundir autoridade com autoritarismo. É acreditar que pela intimidação se tornará o líder de uma equipe, ou mesmo o gerente de uma situação. Tem gente que acha que calando a boca do outro, será ouvido.
Gente que acha que ganha tudo no grito. Que no menor conflito coloca a máscara do emburrado, do xerife, do macho, do olha-com-quem-você-está-falando. É o pessoal que sai dando carteirada, cotovelada, coronhada para todos os lados.
Aprendi a desconfiar do chefe, da professora, do político, do namorado, da namorada que nunca cedem a palavra. A roubam para si. Disparam num monólogo mais comprido do que rio Nilo, mais tedioso do que congestionamento nas marginais de Sampa.
Também sinto piedade deles. Pois se você não ouve, você não dialoga. Em outras palavras, não troca nada. Ter a crença de que você está certo e o resto do mundo errado, deve causar uma solidão de dó. Sei lá, parecido com morar numa casa sem janelas.
Ponho fé em quem se detém para ouvir. Naqueles que mesmo cientes de que já sabem muito estão abertos e loucos para aprender mais. Essa gente que compreende que ouvir é melhorar o próprio falar.
Dou olhos e orelhas a quem prefere o bom ao mau humor. O carinha, ou a carinha, capaz de rir das situações e, principalmente, de si mesmo. Rir da própria confusão, do próprio erro, da bobagem dita, do canto desafinado é terapia de graça.
Pode anotar: o riso é libertação. Libertação do incômodo carimbo do ser oficial, engravatado, engomado. O riso nos ensina que ninguém é melhor, ou mais digno do que ninguém. Também há quem jure que uma boa risada engana a morte.
iPhonografia: Régine Ferrandis, de Paris. "Manequins de uma loja de roupas em Avignon."

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