sexta-feira, 18 de junho de 2010

Doenças na coluna

Saiba como proteger o principal suporte do seu organismo



Disponível: http://saude.sapo.pt/prevenir/artigos/geral/saude/ver.html?id=1061255

A coluna vertebral é composta por 33 pequenos ossos ou vértebras que, em conjunto com discos, ligamentos e músculos sustentam o corpo, permitindo o movimento e protegendo a medula.
Se não for cuidada convenientemente pode dar origem a vários problemas.
As dores nas costas afectam tanto homens como mulheres e, normalmente, manifestam-se entre os 25 e os 60 anos. Em Portugal, é a segunda causa das visitas ao médico.
Mas, afinal, porque é que temos dores nas costas? «Uma das causas, chamada doença degenerativa, traduz-se na alteração da estrutura normal dos discos e das articulações com a idade, o esforço (carga) ou movimentos incorrectos», explica Tavares de Matos, ortopedista no Hospital São Francisco de Xavier.
De acordo com o especia¬lista, «os discos sofrem um processo de desidratação e alteração dos seus constituintes, levando à diminuição da flexibilidade e, eventualmente, à sua rotura, formando a hérnia (como se fosse um pneu furado)».
Por sua vez, «as vértebras aproximam-se, conduzindo ao estreitamento dos orifícios de saída das raízes nervosas na coluna e, consequentemente, a lesões neurológicas. Estas podem traduzir-se em parestesias (dormência, formiguei¬ros, etc.), falta de força ou alteração dos reflexos enervados pela raiz comprimi¬da», conclui Tavares de Matos.
Para além das lesões do disco, também as alterações das articulações entre vértebras, os ligamentos e os músculos adjacentes à coluna podem tornar-se dolorosos. «A dor lombar afecta oito em cada 10 pessoas ao longo da vida, denomina-se lombalgia e resulta, em parte, do sobre-esforço suportado por esta região em posição erecta, afectando por isso apenas a espécie humana. É uma dor que piora com o transporte de carga e/ou quando nos colo¬camos numa posição flectida», acrescenta o ortopedista.

Como se diagnosticam?
Para confirmar o diagnóstico destas doenças, o médico realiza um exame físico completo à coluna vertebral e aos membros superiores e inferiores do paciente, onde examina a flexibilidade, o nível de movimento e sinais de lesão dos nervos.

Principais doenças da coluna
Existem várias doenças da coluna e todas elas constituem situações incapacitantes no quotidiano de quem as possui. São de destacar as lesões traumáticas (fracturas da coluna, por exemplo), a escoliose, a hérnia discal, a doença discal degenerativa, a espondilartrose, entre outras.


Escoliose
A escoliose é uma deformidade em que existe uma curvatura lateral da coluna no plano frontal.
# Quais as causas? - Depende do tipo de escoliose. Segun¬do Tavares de Matos, há dois grandes grupos, «escoliose estrutural (implica alterações da estrutura das vértebras) e não estrutural (não cursa com alterações na anatomia das vértebras e, assim, não progride durante a fase de crescimento)».
Nas escolioses estruturais, de acordo com o ortopedista, «o tipo mais comum é o de causa desconhe¬cida (idiopática), que se manifesta a partir da infância; podem ser ainda escolioses de causa congénita, por doen¬ças neuromusculares, tumores ou doenças infecciosas». Relativamente às escolioses não estruturais, Tavares de Matos aponta como exemplo «a escoliose por comprimen¬to desigual dos membros inferiores e a postural».
#Quais os sinais e sintomas? - Ombros a alturas diferentes, uma das ancas mais levantada, cintura desigual, inclinação do corpo para um dos lados e proeminência da grelha costal (bossa torácica) ao flectir a coluna para a frente.
#Tratamento - Quando necessário, a única maneira de a corrigir é através de cirurgia, «libertando a coluna, fixando-a numa posição mais anatómica e fundindo-a com enxerto ósseo», adian¬ta o especialista.

Hérnia discal
Com os movimentos do tronco, a pressão nos discos da coluna torna-se irregular.
A repetição destes movimentos, sobretudo se forem bruscos e mal executados, pode causar lesões no disco.
Se ocorrerem várias destas lesões podem surgir rupturas na parte externa do disco e o interior do disco intervertebral pode sair por essas fendas, produzindo uma hérnia discal.
#Fatores de risco - Idade, actividades repetitivas e traumatismos na coluna.
#Quais os sintomas? - Os seus principais sintomas são dor lombar, sensação de formigueiro (dormência) ou falta de força num membro su¬perior ou inferior, correspondendo ao território da raiz afectada pela hérnia.
#Tratamento - Em mais de 90% dos casos não requer cirurgia», assegura Tavares de Matos. «Caso o tratamento conservador não resulte e/ou se agra¬vem os sintomas, recorre-se à cirurgia, que pode ser efectuada de várias formas, dependendo muito de caso para caso. Pode proceder-se à exérese (extracção) desta, à substituição do disco, à aplicação de sistemas interes¬pinhosos, etc», comenta o ortopedista.


Doença discal degenerativa
É uma alteração da estrutura do disco intervertebral que pode dar origem a um colapso discal, provocada pelo processo natural de envelhecimento.
#Quais as causas? - Pode resultar do processo natural de envelhecimento ou de um traumatismo na coluna. Devido à perda progressiva de água, os discos intervertebrais deixam de actuar como amortecedores, fazendo com que as vér¬tebras se aproximem umas das outras.
#Quais os sintomas? - Dor nas costas e/ ou nos membros e, às vezes, dificuldade em andar.
#Tratamento - A maioria dos doen¬tes responde bem aos tratamentos não cirúrgicos (fisioterapia e exercícios para o fortalecimento dos músculos, anti-inflamatórios e evitar activida¬des agressivas repetitivas). Se estas abordagens não resultarem, pode ser necessário recorrer à cirurgia.
#A importância do tratamento cirúrgico - Para muitas pessoas, os tratamentos não invasivos (medicação, fisioterapia ou mudanças de estilo de vida) são suficientes para tratar com sucesso os problemas da coluna. No entanto, para outros casos, a cirurgia pode ser a melhor opção para tratar a dor, aliviar a compressão nervosa ou corrigir a deformidade.
#Existem dois tipos de cirurgia:
* Cirurgia convencional macroscópica - Este tipo de intervenção utiliza incisões grandes na pele e músculos com alguma desvantagem no efei¬to estético e dores pós-operatórias. Pode implicar maiores períodos de interna¬mento hospitalar e de recuperação. Contudo, este método tem de ser utilizado em várias doenças vertebro-medulares para o seu correcto tratamento.
* Cirurgia minimamente invasiva da coluna - O recente desenvolvimento de procedimentos que minimizam os efeitos da cirurgia convencional, através de métodos chamados minimamente invasivos, promove uma evolução menos dolorosa e mais rápida. Estas cirurgias permitem aos cirurgiões tratar com sucesso algumas patologias como a hérnia discal, com repercussões mínimas na vida dos pacientes.

Espondilartrose (espondilose)
Da mesma forma que as várias articulações do corpo (ombro, ancas ou joelhos) sofrem de proces¬sos de desgaste conhecidos por artroses, também as articulações entre as vértebras passam pelo mesmo.
#Quais as causas? - «Obesidade, factores genéticos e hereditários, ocupação (vibração provocada em trabalhadores que usam martelos pneumáticos ou sobrecarga provocada pelo transporte de pesos), doenças endócrinas (diabetes mellitus, acromegalia e outras) e doenças metabólicas (doença de Paget, gota, etc.)», são alguns dos factores apresentados por Tavares de Matos, ortopedista no Hospital São Francisco de Xavier.
#Quais os sintomas? - Crises dolorosas muito intensas, normalmente associadas a fenómenos inflamatórios.
#Tratamento - É variável e depende da causa, idade do paciente, actividade, esperança de vida, qualidade do su¬porte ósseo, níveis atingidos, etc. O tratamento sintomá¬tico pode ser feito com analgésicos, anti-inflamatórios, fisioterapia (recuperação funcional e meios físicos anti-inflamatórios).
Pode recorrer-se também a tratamentos dirigidos à patologia de base, ou tratamentos cirúrgicos como a substituição artroplástica do disco, a fusão de vértebras adjacentes (fusão inter-somática), a aplicação de sistemas dinâmicos de estabilização, a infiltrações com corticóides e/ou analgésicos.
«Fundamentalmente, o que se deve fazer é seguir o princípio a função faz o órgão e, assim, manter as várias unidades estruturais que formam a coluna o mais activas possível», conclui o médico ortopedista

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